Sunday, August 30, 2009

am i a dreamer?

can dreamers still survive?

alice

"parece já uma eternidade que não coloco palavras soltas nesta página, por muito ou nada que signifiquem. mas parece igualmente uma eternidade o tempo que se engasgou na minha garganta e que as impediu de sair.
nada disse em voz alta.
nada conversei.
nada escrevi.

cada vez mais o tempo passa e cada vez mais se me escapa ao controlo.
sempre tive a mania que conseguia manipular as coisas a meu favor, que tinha de algum modo os fios na minha mão, como um marionetista. mas a cada novo dia a marioneta sou eu. num palco para onde me deixei empurrar, para uma personagem que não quis nem quero interpretar, para um texto que nada me diz.

como pode a vida permitir tanto e ao mesmo tempo tão pouco?
como pode um instante ser tudo e nada em simultâneo?

como pode um coração bater em bom compasso e de repente desenvolver uma arritmia?

é a injustiça tecido nesta manta de retalhos diária? ou será o roubo?
de uma personalidade, de uma identidade, de várias?

como é possível que os direitos sejam apenas teóricos e ganhem mofo nas alienas de cada artigo no código social? ou pelo menos assim nos fazem crer. como marionetas.

os que ousam ter voz, os que ousam cortar com os fios, ganham a voz e sofrem....

sofrem por terem de se engasgar, vezes sem conta, de propósito.

sinto falta de liberdade.
será que ainda existe?

ou terá sido ela sempre utópica ?

seremos realmente livres? ou estaremos eternamente confinados a um espaço e a um tempo que nunca é nosso?

resta-me o tempo em que escapo. fujo. como a alice.
tumbling down the rabbit hole..."

Vesper E