Wednesday, November 15, 2006

Não é nada triste, é gosto por cinema


Há quem diga que é "triste" ir ao cinema sozinho. Pois eu não. Ou não fosse adepta desse encontro a sós com a poesia cinematográfica. É disso mesmo que se trata: de um encontro. Encontro com a música, com a imagem e com a dança que uma e outra criam em conjunto. Nas palavras de Michael Nyman: "É preciso saber transmitir ensejos, visões e, depois, traduzi-los numa linguagem musical". Se fizesse um filme sobre a minha vida, antes da imagem estaria a música. Pequenas partituras de alguns minutos que constróiem elas próprias uma estória que seria bem mais interessante do que uma dita história da minha vida. É fechar os olhos e ouvir. É fechar os olhos e não conseguir dissociar aquela música de imagens, ainda que nunca as tenha visto. Sessão da meia-noite? E porque não? Numa sala praticamente vazia o único espaço partilhado é a distância que fica entre mim e a tela. Em apenas algumas horas, encontro a magia que tem a linguagem cinematográfica num visionamento nocturno. Há noite o espaço amplia-se. Os sons intensificam-se. E eu cresço. Não é triste, é amar cinema e querer escutar a sua poesia.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

É verdade.
Contra a tirania do gregário que nos rodeia, convém não esquecer que algumas das melhores experiências do espírito são necessariamente solitárias, a música é a melhor de todas elas e o cinema, na sala escura, lugar panorâmico e na solidão partilhada dos anónimos,por vezes, não lhe fica atrás.

17 November, 2006 05:43  
Anonymous Anonymous said...

O cinema não é uma experiência social.
beijinhos
Hugo

19 November, 2006 19:01  

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