Thursday, March 03, 2011

elle the new fan(tastic)ning


Elle Fanning. Irmã de Dakota Fanning. Ora aqui está uma família que se dedicou a produzir prodígios da representação como se não houvesse amanhã. Começaram em tenra idade e à medida que crescem, vão ficando melhores. No entanto Elle tem qualquer coisa que Dakota não tem. Já se notava em Babel, evidenciou-se em Benjamin Button e agora em Somewhere é tão evidente que nos cega. Mas também aqui é filmada por Sofia Coppola, e sob a sua lente, todos os actores ficam diferentes. Veja-se Kirsten Dunst, que apenas surge no seu melhor, precisamente sob o olhar dessa lente difusa, de luz solar empoeirada.

Mas Elle tem qualquer coisa. Uma angústia, um olhar perdido algures no tempo, uma ânsia de sentido que nos prende, ali. A não perder em Super 8, já no Verão.

Tuesday, January 12, 2010

Wild Thing




Have you ever dreamt of a world where you could be yourself? Where you could make mistakes and not be judged by them? Where you could Grow up ?

That world exists in "where the wild things are".


E se esse mundo estivesse ao alcance de um fechar de olhos?

Para já quero apenas inaugurar este ano novo, com um novo post, depois de uma ausência prolongada. Digamos que o parto foi difícil, mas o pretexto reúne as condições necessárias, numa pequena obra de poesia visual e narrativa.

O mundo dos adultos é demasiado complexo e cheio de nuances obrigando a vista a adaptar-se nem que seja ao recurso de lentes cada vez mais graduadas. Mas para alguém que vê com a imaginação e sente com a força palpitante da alma, não são precisos nem óculos, nem graduações, mas apenas intensidade.

O novo filme de Spike Jonze abre a porta para esse mundo: pintado com a intensidade da imaginação e sentido com a força da ingenuidade que apenas pede para ser partilhada. Max é uma criança com uma imaginação fértil. Talvez por se ver obrigado a brincar sozinho. Ou apenas por querer criar um lugar só para ele, onde tudo faz sentido, mesmo os erros cometidos. Porque as relações são como o sangue, vermelho, e fervilham com os sentimentos e se ferem com palavras ou com a sua ausência, "Where the Wild Things Are", goza com as palavras, destrona o sentido e mostra a verdade sentida e escrita. Os grandes contos começaram assim, contados na oralidade e, por isso, mais próximos do compasso cardíaco. É esse ritmo que falta às nossas histórias. Por muitos erros que se cometam, falta-lhes ritmo, como se tudo estivesse envolvido por um "forte" de inércia.

No filme, o forte que pretende proteger, magoa, como os grandes amores. Porque só assim se cresce e só assim se vive, com a intensidade além palavras, além feridas, e porque o equilíbrio está no todo e não nas partes.

Max regressa a casa. Como todos regressamos, errando mais, amando ainda mais...

Tuesday, November 17, 2009

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Friday, October 16, 2009

FUCK IT!

A Vida tem uma forma curiosa de nos mostrar o que é realmente prioritário.
Não é o dinheiro na conta bancária, pronto embora ajude claro e uma pessoa precisa de sobreviver,
Não é o dia-a-dia frenético de gente humanamente cinzenta,
não é o trabalho,
não são os telefonemas constantes a pedir mais uma informação, mais um recado para fazer,
que se lixem os pedidos às mijinhas, porque é que não se pede logo tudo de uma vez,
que se lixe quem só vive do trabalho e quer fazer dos outros à sua imagem,
não preciso de mais mãezinhas e paizinhos, já tenho uma mãe e um pai e chegam-me,
que se lixe o ruído de fundo de quem stressa à minima coisa,
que se lixe o céu cinzento,
que se lixe o vizinho de cima com a porcaria das obras,
que se lixe o Lulu que deixa os seus dejectos plantados por toda a calçada,
que se lixem as obrigações!

é urgente rir,
é urgente chorar,
é urgente sonhar,
é urgente acordar,
é urgente sentir,
é urgente VIVER!

e o resto que se lixe!

Monday, September 07, 2009

How Fragile We are

"each morning we wake up into the daily mess and we end up doing each and every task mechanically. If not, let's take a closer look:

Alarm clock sets off at a stupidly early time
we take more or less 20 minutes to budge a centimeter out of bed
quick leap into the shower to cool off drowziness
with towel on, now chosing the clothes (damn i have nothing to wear. everyone at work already knows my closet. great...)
end up chosing the easiest and quickest: some jeans and a shirt.
some sneakers or some shoes, doesn't matter as long as stocking or socks actually do match.

now comes the kitchen. grab some juice out of the fridge. some crackers of a slice of bread and with it still in the mouth. out the door.

trying to go against traffic jams and rush hour but it seems more morons drive or actually more animals now own a private vehicle. try to wonder off pointless thoughts with some music...

music... what makes me go through the day...

if we only thought about life as a musical sonet. but we don't. and it's only when she crashes into us that we take a closer look. that we put everything in perspective, that we see, that we smell, that we feel, that we taste. most of the days is just numbness because you can't yell to those you wished, you can't say exactly what is going on in your head ( i can't heat those ideas, i can't put my head that far up my ass), you can't say "go fuck yourself, good morning" in the same phrase...
it's like you have a part in a written script but you are not the author. some dimwit writer wrote the most nonsense lines for you.

yes sir. no sir. certainly. right away. in a minute (exact one minute). of course, it would be my pleasure (while the door closes and you stick up your middle finger...).

if you were the author it would me more like:

Yes sir, certainly, i will call you an asshole everytime you make me stapple 300 pages with a 5 cm stappler. and no sir i will not call the firemen when i set your car on fire. in a minute i will make you trip and blame it on the worn out stairs and won't go right away fetching for help. and of course, it would be my pleasure to say "sit and rotate" you demented fucking wanker fuck, go home and "#$%&/()=?=)(/& and all of the above.

But right then and now you would get sacked and you have to live out of something. But then you end up every single day repeating the same exact thing. alarm clock sets off... etc etc etc

and then when you actually wake up, you wasted most of your life not following your heart.
you can survive with little, if not because you end up with so much less...

If only we could wake up before it's too late.
If only "they" would let us...
If...

oh how fragile we are..."

Brainworm

Sunday, August 30, 2009

am i a dreamer?

can dreamers still survive?

alice

"parece já uma eternidade que não coloco palavras soltas nesta página, por muito ou nada que signifiquem. mas parece igualmente uma eternidade o tempo que se engasgou na minha garganta e que as impediu de sair.
nada disse em voz alta.
nada conversei.
nada escrevi.

cada vez mais o tempo passa e cada vez mais se me escapa ao controlo.
sempre tive a mania que conseguia manipular as coisas a meu favor, que tinha de algum modo os fios na minha mão, como um marionetista. mas a cada novo dia a marioneta sou eu. num palco para onde me deixei empurrar, para uma personagem que não quis nem quero interpretar, para um texto que nada me diz.

como pode a vida permitir tanto e ao mesmo tempo tão pouco?
como pode um instante ser tudo e nada em simultâneo?

como pode um coração bater em bom compasso e de repente desenvolver uma arritmia?

é a injustiça tecido nesta manta de retalhos diária? ou será o roubo?
de uma personalidade, de uma identidade, de várias?

como é possível que os direitos sejam apenas teóricos e ganhem mofo nas alienas de cada artigo no código social? ou pelo menos assim nos fazem crer. como marionetas.

os que ousam ter voz, os que ousam cortar com os fios, ganham a voz e sofrem....

sofrem por terem de se engasgar, vezes sem conta, de propósito.

sinto falta de liberdade.
será que ainda existe?

ou terá sido ela sempre utópica ?

seremos realmente livres? ou estaremos eternamente confinados a um espaço e a um tempo que nunca é nosso?

resta-me o tempo em que escapo. fujo. como a alice.
tumbling down the rabbit hole..."

Vesper E

Sunday, June 07, 2009

quando deixas de fazer tanto ruído, mente minha?

"não nos apercebemos, nem sabemos como mas num instante deixamos de ser crianças e nos tornamos adultos. invariavelmente a inocência que fazia parte das brincadeiras de recreio dá lugar à arena selvagem onde o elemento regente é a maldade. Não se olha a meios para atingir os fins, vale tudo no amor e na guerra, e tantas outras frases feitas se poderiam encaixar neste mundo adulto, onde ninguém diz bom dia sem segundas intenções, onde um lenço de papel não vem sem marca de baton, onde temos de deixar uma parte de nós à entrada.

queria poder mandar tudo à fava, mas a responsabilidade que vem com o rito de passagem à idade adulta, não me permite. sinto a força da obrigação entranhada no corpo, cravando os seus espinhos cada vez mais fundo. ouço vozes que me dizem para encontrar o equilíbrio, para não me deixar consumir. é mais fácil dizê-lo que fazê-lo. Ser actor consome. Quando se vive muito tempo dentro de uma personagem acaba por se perder qualquer contacto com quem se é. A ficção conquista terreno à realidade e de um momento para o outro, o que é real? Ser um mero automato ou libertar toda a raiva que corre nas veias e ser livre? Ou pior, será que podemos ser realmente livres?

Com o tempo, vemos os sonhos serem corroidos pela massa amorfa da obrigação. A energia que poderiamos colocar nessa luta, é-nos retirada para representar essa personagem que já faz parte de nós. Um alguém em que nos transformámos, que nos deixou afastados de quem somos. Como recuperar energia se as reservas estão no limite e as exigências do papel diário se mantêm?
Não consigo olhar para os rostos sem sentir um aperto no estômago, como se um vómito tomasse conta das minhas entranhas. As suas vozes enervam-me, a sua falta de espinha dorsal enfurece-me.

No meu tempo livre, tento recuperar algum do tempo perdido. Mas será suficiente? Não será como o sono perdido? Que depois das horas deitadas fora, demora o dobro do tempo a conseguir restituir alguma da sua sanidade?

O peso no peito é constante. A mente não descansa. Não desliga. No sono não encontro descanso.
Queria poder libertar-me, rebelar-me e dizer o que realmente penso, e não engolir o ácido que me sobe do estômago e me deixa este gosto amargo na boca.

Queria volta a ser inocente, mas as farpas que me cravaram não deixaram espaço para grande coisa.

Não sei se é pouco se é muito, mas não perco a esperança. Luto por ela. Adoço o sabor amargo com abstrações, imagino os actores da minha paisagem diária como fantoches. Observo os fios que lhes condicionam as pernas, os braços, a cabeça, o cérebro. E liberto-me. Não tenho fios.
Represento, mas não tenho fios.

não quero perder isso.

luto. e sonho que amanhã terei silêncio..."
V