Wednesday, November 15, 2006


ACT THREE

Depois de alguns dias em banho maria, chegou a hora. Let's talk about music. A passagem para a vida adulta nunca é simples. Traz consigo mudanças de estação que nem por isso são tão leves como o cair de uma folha de Outono. Pegamos nessa folha e desejamos ter o seu peso. Para trás fica o tempo da despreocupação e a idade da inocência. Gostava de poder dizer que a inocência permanece. Mas estaria a mentir. Não permane, mas cresce. Torna-se outra coisa. A visão muda ainda que at heart se mantenha o tilintar das nossas músicas favoritas. É isso que acontece com Sofia Coppola. Do despertar de Virgens Suicidas à consciência adulta de Marie Antoinette, passando pela incerteza existencial de Lost in Translation, o tilintar está lá. Ouvimos as músicas de Coppola. Ouvimos a sua banda sonora. Ouvimos o retrato da sua passagem ao mundo adulto. Sentimos o gritar de dúvidas que se mantêm sempre, tal como as canções que nos acompanham e as letras que ficaram gravadas em nós.

Assim surge Marie Antoinette. Jovem e repleta de visceralidade musical. Gang of Four, New Order e Bow Wow Wow transportam consigo essa inocência de quem é novo e apenas quer viver. À medida que vamos conhecendo a dauphine ela ganha contornos diferentes e a música também. De um ritmo inicial acelerado a banda sonora vai diminuindo as suas batidas cardíacas. Torna-se mais lenta, mais pausada. Partituras clássicas ambientam-nos no novo mundo: adulto. A sequência das imagens também se torna mais suave e sublime. Contemplação de uma nova fase: crescer. Perdemo-nos no olhar de Sofia. Tal como nos perdemos nas dúvidas que nos acompanham desde sempre, independentemente de termos 14, 18 ou 24 ou mesmo os 35 anitos de Sofia. As canções não foram escolhidas ao calhas. Elas próprias contam uma estória. Que podia ser a minha ou a de qualquer outro. Chama-se a isso crescer. O nosso gosto musical também evolui, cresce. Pelo menos para quem continua a manter a curiosidade de viver. Neste caso de ouvir intensamente.

Fechem os olhos. Liguem a aparelhagem. Deixem Marie Antoinette sentar-se a vosso lado. Vejam a sua história, ouçam as suas canções. Escutem como nos tocam, como nos deixam as pontas dos dedos dormentes e alteram o batimento cardíaco. Deixem-se contagiar por uma narrativa melódica. Intensa? Sim. Mas só assim vale a pena. Assim se vive. Assim se ouve.

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