Will Ferrell é Harold Crick, que é um personagem criado pela escritora Kay Eiffel (Emma Thompson). A vida de Harold é rotineira ao ponto de ele contar exactamente o número de escovadelas que dá aos dentes, o número de passos que dá até à paragem do autocarro e de em apenas dois segundos responder quanto é 43 vezes 355. Não é este o número exacto, mas dá para perceber a base da vida de Harold: o cálculo e o hábito. Está tão acostumado à sua vida cheia de números que se esquece de cumprir o único sonho que sempre teve: aprender a tocar guitarra.
Nestas linhas o filme podia ser como qualquer outro: a certa altura o personagem principal manda tudo à fava e aprende a viver. Mas não é como outro qualquer. É verdade que manda tudo à fava e também é verdade que aprende a viver. Mas é tudo obra de ficção. Confusos?
Emma Thompson está brilhante no papel da escritora eremita que imagina pessoas a saltar de edifícios, acidentes de automóvel e até vai às urgências de um hospital para tentar chegar à conclusão de como deve "matar" o personagem do seu livro. "Little did he know..." escreve ela a certa altura e Harold ouve. Aliás é a partir daqui que Harold embarca numa longa cruzada para descobrir de quem é aquela voz que "narra" a sua vida. Dá de caras com um professor universitário de literatura muito peculiar: Dustin Hoffman, que tenta ajudá-lo a descobrir se vive numa comédia ou numa tragédia.
Aos poucos Harold liberta-se do cálculo e aposta no imprevisto, que dá pelo nome de Ana Pascal, também conhecida por Maggie Gyllenhaal. É por esse encontro e num dos momentos mais esmagadores do filme, com a entrega de "farinhas", que em inglês se assemelha foneticamente a "flores", que Harold começa a viver. E começa a gostar tanto daquela sua "nova" vida que não quer morrer.
Como irá Kay Eiffel terminar a história de Harold?
Não posso revelar. Não gosto de estragar o final dos filmes. Mas posso apenas dizer que mesmo sendo "Stranger than Fiction" é uma estranheza que nos acarinha o coração e nos faz sorrir. Porque é nas pequenas nuances, nos pequenos detalhes do dia-à-dia que se encontra sentido, como saborear bolachas de macadamia.
Uma história de ficção mais real que a própria ficção. O encontro do personagem criado com o escritor, a veracidade transposta da página para a vida, a possibilidade de mandar tudo à fava. Tudo elementos de uma narrativa que encanta e comove. No final dos créditos, na minha cabeça Kay Eiffel disse: Stranger than fiction? Well, that's life itself...
1 Comments:
Veja lá se a menina me convidou a ir ver o filme !!!! :P:P:P
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