Sunday, June 15, 2008

a pie tale


Tinha acabado de acordar e sentia-se como o céu que o espreitava lá fora... Cinzento...
Se alguém lhe perguntasse porquê não saberia responder... Acordara com o sabor amargo de uma ressaca trazida pela memória. A inadequação era cada vez mais forte, como uma dor de cabeça que começa devagar e se intensifica. Tinha saudades de quando o maior problema que tinha era não saber se ia vestir jeans ou khakis. Os dias seguiam-se uns aos outros, intermináveis. O bloqueio que se instalara no peito, impedia-o de respirar fundo. Sonhava com dias mais pequenos, sobretudo mais simples, que tivessem horas finitas de sacrifício e infinitas de sabor a tarte quente. As tartes eram o que de mais precioso tinha na vida.

Pasteleiro de profissão, as suas tartes tornaram-se mais saborosas com um novo ingrediente, um pouco de mel... As cup pies de mel...

Sabia que apenas uma tinha mais sabor que toda uma tarte sua e por isso não se sentia merecedor...

A única coisa que tinha todo o significado para si eram aquelas cup pies...

Queria estar à altura, mas sentia que um pedaço de tarte não era o mesmo que uma cup pie...

O mel era o recheio...
Nenhuma tarte voltaria a ter o mesmo sabor.

Queria poder sentir-se merecedor... De uma cup pie... De mel.

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