o quadro
"Ultimamente não se conseguia olhar ao espelho.
Não reconhecia os "pés de galinha" que lhe limitavam o rosto,
não reconhecia os papos ao acordar,
acima de tudo
não reconhecia as linhas profundamente negras abaixo dos olhos...
quem és tu? perguntava-se...
os dias corriam ininterruptos
os telefones tocam ininterruptos
as vozes falavam ininterruptas
os sons propagam-se, descontinuos...
abre a torneira da água, fria
fá-la escorrer pelas faces,
sente a rugosidade da pele nas pontas dos dedos
quem seria "aquela" pessoa em cujo corpo acordava agora?
os traços escapam-se-lhe ao desenho,
no papel nada se fixa,
apenas o esborratado de um pedaço de carvão desfeito em pó
no relevo,
um pontão de madeira feito, um farol, um barco de vela içada...
um rosto de costas voltadas...
quer perguntar: "és tu a minha face?"
não se volta.
lá longe o barco passa,
o farol fica,
o rosto desvanece...
sentes as rugas agora?"
V
Não reconhecia os "pés de galinha" que lhe limitavam o rosto,
não reconhecia os papos ao acordar,
acima de tudo
não reconhecia as linhas profundamente negras abaixo dos olhos...
quem és tu? perguntava-se...
os dias corriam ininterruptos
os telefones tocam ininterruptos
as vozes falavam ininterruptas
os sons propagam-se, descontinuos...
abre a torneira da água, fria
fá-la escorrer pelas faces,
sente a rugosidade da pele nas pontas dos dedos
quem seria "aquela" pessoa em cujo corpo acordava agora?
os traços escapam-se-lhe ao desenho,
no papel nada se fixa,
apenas o esborratado de um pedaço de carvão desfeito em pó
no relevo,
um pontão de madeira feito, um farol, um barco de vela içada...
um rosto de costas voltadas...
quer perguntar: "és tu a minha face?"
não se volta.
lá longe o barco passa,
o farol fica,
o rosto desvanece...
sentes as rugas agora?"
V
1 Comments:
É duro envelhecer... Mas acredito que seja quem for a narradora deve ser gira e os pés de galinha ainda lhe devem dar um ar mais sexy.
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