Wednesday, January 31, 2007


Para quem ainda acha que ser "moody" é uma desvantagem, eis a sugestão que elemina o "des" como uma aspirina trata a dor de cabeça!

http://www.myspace.com/enterthespektrum

"moody feels good"

Tuesday, January 30, 2007



A voz que nos trai...

"Pode ser uma ou várias. A minha traiu-me em cada instante que me senti pesar na tua vida. Por palavras talvez mais do que por gestos, fui-me traindo e fui pesando. Se 21 gramas é o peso que se perde quando se morre, qual é o peso da vida? Não queria de algum modo trazer peso à tua vida, mas traí-me e talvez te magoasse assim. Sempre preferi esconder-me. Não por não querer que me visses mas para impedir que ao me veres te pesasse.

A minha voz traiu-me. Descontrolou-se na sua vontade de dizer. Palavra após palavra, denunciou-me. A maldita. A traição talvez a consiga superar. O peso que trouxe à tua vida. Não sei. Estou a tentar perceber. Embora saiba que não vou poder saber. Houve outra voz que me traiu antes de poder ouvir a resposta. A voz da vida.

Longe, não sei se te pesei mais em vida se agora, sem ela. Recebe as minhas 21 gramas, o peso da minha alma. É leve e apenas sorri. Porque foi o que aprendi contigo. A sorrir.

Neste adeus que não recebeste, nesta despedida que não existe,lembra-te apenas do meu sorriso. É teu. Como aquele café que não tomámos. Um aroma que ficou, o meu. Ou talvez e simplesmente o teu. Pois eu parti."
V


Texto inspirado em http://www.verbeat.org/blogs/avozquenostrai/arquivos
/2007/01/minha_mulher_morreu.html

Saturday, January 27, 2007


Ausência...

"Aos poucos escuto os teus passos, ouço as tuas gargalhadas, sinto a tua presença desvanecer. Não como se fosses tu, mas como se fosse eu, acompanhado-as. Já não sei muito bem onde estou nem para onde me dirijo. No silêncio encontro a tua música, a sonoridade com que encheste a minha vida, como os girassóis enchem os campos e se movimentam para o sol. E eu como eles, giro em direcção a ti.

De estilhaços sou feito. Pedaço por pedaço. Talvez procurando aceitar que te perco ou que te perdi. Fecho os olhos e vejo o teu rosto, o teu sorriso, os teus gestos. E sei que nunca os vou poder alcançar. Já não sei o que é o teu toque, talvez porque eu próprio não sei o que é o meu.

Tu és o quadro que ficará enternamente gravado na minha memória e que vejo, mas não toco. Pelo menos não com a suavidade da minha pele. É essa a distância que permanece. Sentado em frente a ti, em silêncio, apenas observando. E em mim segue crescendo a consciência de que a minha pele jamais tocará a tua.

Fico aqui. E aceno-te ao longe, desejando que pelo menos vejas as minhas mãos, sabendo que serão sempre tuas. Pois que é de amor que falo. De palmas das mãos viradas para cima, deixo-te ir. Esperando que talvez um dia voltes... Pois que é de amor que falo, na tua ausência".
V

Tuesday, January 23, 2007

Rien D'autre

Les Chinois voient l'heure dans l'oeil des chats. Un jour un missionnaire, se promenant dans la banlieue de Nankin, s'aperçut qu'il avait oublié sa montre, et demanda à un petit garçon quelle heure il était. Le gamin du céleste Empire hésita d'abord; puis, se ravisant, il répondit: "Je vais vous le dire." Peu d'instants après, il reparut, tenant dans ses bras un fort gros chat, et le regardant, comme on dit, dans le blanc des yeux, il affirma sans hésiter: "Il n'est pas encore tout à fait midi." Ce qui était vrai. Pour moi, si je me penche vers la belle Féline, la si bien nommée, qui est à la fois l'honneur de son sexe, l'orgueil de mon coeur et le parfum de mon esprit, que ce soit la nuit, que ce soit le jour, dans la pleine lumière ou dans l'ombre opaque, au fond de ses yeux adorables je vois toujours l'heure distinctement, toujours la même, une heure vaste, solennelle, grande comme l'espace, sans divisions de minutes ni de secondes, - une heure immobile qui n'est pas marquée sur les horloges, et cependant légère comme un soupir, rapide comme un coup d'oeil. Et si quelque importun venait me déranger pendant que mon regard repose sur ce délicieux cadran, si quelque Génie malhonnête et intolérant, quelque Démon du contretemps venait me dire: "Que regardes-tu là avec tant de soin? Que cherches-tu dans les yeux de cet être? Y vois-tu l'heure, mortel prodigue et fainéant?" je répondrais sans hésiter: "Oui, je vois l'heure; il est l'Eternité!" N'est-ce pas, madame, que voici un madrigal vraiment méritoire, et aussi emphatique que vous-même? En vérité, j'ai eu tant de plaisir à broder cette prétentieuse galanterie, que je ne vous demanderai rien en échange.

Le spleen de Paris...

Saturday, January 20, 2007


About Love

"I knew it. I saw it. I felt it. But I thought if I just could ignore it, it would go away. But it didn’t. You’re still here. I feel you. I’ve, on the other hand, ignored myself. I’m a self-loathing bastard and any excuse to behave as such is more than welcome. I just have to be miserable. And I am. I love you. My words are just words and there’s nothing I can do to prove my feelings so I’ve just chosen self-loath, because my heart is beating, because I’ve lost another line of coke into my brain, because I feel and just because… I love you. And it doesn’t matter how many times I play it in my head I’m a fuck up. I’ve been fucking up since I’ve met you. I’m losing you. That I know. What I know, but what to do to accept it? You can no longer stand me at your doorstep. And I do understand you. Who would want a needy self-loathing bastard crying down your steps? I know I wouldn’t. But nonetheless you’ve insisted. You just need or want to fix me. I can’t be fixed. I drink to wash away my undying mellow pains. I sniff coke to bring them back alive. I’m a writer, that’s the only way. At least, the one I can cope with or work with. I love you. I just wanted you to know that. Therefore I’m leaving. I can’t stand any other guy being with you. I’m a jealous prick, I know. I’m a bastard, I know. And yet I just wanted one kiss, just one kiss to bring me back to a beating line. You can’t do that. That I know too. Yet I love you. I do so. Please believe my heart, thus my words aren’t enough for you and my mouth just speaks gibberish. I love you, that’s all. Well, not all. I’m in love with you. Keep me near, swear my heart, leave it. Another line of coke. I feel alive. You’re my addiction. I can’t leave you. Never. And when the white lines end. I still have you, in my mind. My addiction. My love. Just you!"
V

Friday, January 19, 2007

Thursday, January 18, 2007


V

Wednesday, January 17, 2007



"Pain is but the only condition of I

cause I is the written element of flesh.

Mine scars, bleeds, dies

and it writes: ..."

V

Tuesday, January 16, 2007


A box

"I live in this tinny little box called love.
I never open it and i never let anyone see it. Why?
Cause if I open it, all the love is out.
And I love too much for someone to borrow.
As all pain will follow,
Not sure if i can endure more of a strain,
So the tinny little box I close,
To ever beat a shattering pain."
V

Balada para a noite...

"Olho para o relógio. Como se fizesse diferença. Não faz. Desde pequeno que desejava ser mais alto para poder chegar aos armários na cozinha. Quantas vezes a minha mãe foi dar comigo empoleirado no lava-loiça. Acho que era a minha forma de contornar a falta de estatura. Que mania. Houve quem dissesse que era uma excelente qualidade. Talvez. O "desenrascanço" sempre foi um traço meu. O problema é que simplesmente há coisas incontornáveis, como a natureza. Ou a loucura.

Não consigo controlar o que sinto. E enlouqueço. Até os meus sonhos conspiram contra mim ao revelarem teu rosto. E mesmo que revelem apenas os contornos, eu sei que são os teus. E choro. Porque é inevitável. Quem disse que os homens não choram? Liberto alguma da energia que contenho dentro de mim, pela lágrima. Deixo-me ficar deitado, a ver se apodreço ou se crio um casulo qualquer, como uma traça. É isso que sou.

Não faz muito sentido saber que as horas passam, se eu sei que nunca serão a teu lado. Por isso encarno a minha condição de traça. À espera que a luz me queime. Porque morrer? Já morri. "
V

Monday, January 15, 2007

No comments...

Hoje em dia tudo é alvo de escrutinio, sobretudo se for a vida alheia. Pois que, credo, pensar na própria vida dá muito trabalho e esgota a energia neuronal. É mais fácil e até revitalizante mandar bitates sobre a vida dos outros. Que desporto mais saudável! É a nova modalidade e qualquer dia ainda se forma um sindicato. Já ninguém observa, agora o que está a dar são as "projecções". Devia fazer isto, devia fazer aquilo, porque tem de se organizar, porque tem de ser mais rapido, bla bla bla. Suposições, dever ser, dever fazer, bla bla bla.

Identidade: cada um tem a sua. Basta pensar nisso. E desde quando o que é suposto ou não foi eleito lei universal? Ainda nao li esse memorando...

E nada mais me irrita do que: "então, que fazes da vida?"
Faço o que me der na real gana. Mesmo que não seja nada. E depois? Que eu saiba "a escolha" ainda não é dedutível no IRS. Quando for, então aí sim, talvez eu "escolha" fazer algo da minha vida.

Portanto, os praticantes da nova modalidade desportiva que descansem: o que faço ou deixo de fazer não faz a manchete do jornal do dia seguinte.

I'm soooo booringgg....

Friday, January 12, 2007


Without you I'm Nothing

"Strange infatuation seems to grace the evening tide
I'll take it by your side
Such imagination seems to help the feeling slide
I'll take it by your side
Instant correlation sucks and breeds a pack of lies
I'll take it by your side
Over saturation curls the skin and tans the hide´
I'll take it by your side

Tick, tock x3
Tick, tick, tick, tick, tick, tock

I'm unclean a libertine
And every time you vent your spleen
I seem to lose the power of speech
You're slipping slowly from my reach
You grow me like an evergreen
You've never seen the lonely me at all

I...
Take the plan, spin it sideways
I...
Fall

Without you, I'm nothing
Without you, I'm nothing
Without you, I'm nothing

Take the plan, spin it sideways
Without you, I'm nothing at all"

E perante isto, só resta dizer: what else?

Monday, January 08, 2007


Nature, Queen... aren't we all?

Talvez seja preciso um certo estoicismo para se conseguir sobreviver. Há alturas que pedem demonstração de sentimentos, mas para a rainha de Inglaterra essas alturas devem ser privadas e pessoais. A Rainha não é um filme sobre a monarca é antes sobre a mulher-monarca, porque uma subsiste à outra ou vice-versa. A aprendizagem pela experiência trouxe-lhe imunização.

Distante, implacavelmente sobria, inabalável, poderiam ser palavras utilizadas para descrever o rosto de Isabel II. Ou quererei dizer Helen Mirren enquanto Isabel II? Pois, isso mesmo. Mas por detrás dessas palavras, desses meros elementos descritivos está um rosto que, num momento único de contacto com a natureza, deixa verter uma lágrima. O encontro ou têt-à-têt com um alce relembra a rainha da beleza, pura, que é a vida animal. Num paralelismo com o ser humano, também a beleza da vida humana verte sangue pela animalidade. Se bem que neste caso se trataria de um animal ferido que recolhe ao seu jugo para lamber as feridas. O que transparece no rosto de Mirren é a mulher e o animal. A mulher, cuja educação a ensinou a não deixar transparecer nenhuma emoção, seja ela de que categoria for. E o animal, que em momentos de crise recolhe à toca para receber uma derradeira lufada de ar fresco antes de regressar à aridez do seu ambiente natural. Queen Mirren, poderia ser esse o título de um filme que, mais que uma rainha, retrata a metamorfose que uma vida inteira atrás de um trono importa numa mulher/ser humano.

Se considerarmos a vida como esse trono, diariamente nos apercebemos das crises "diplomáticas", "práticas", "legais", o que seja, que se operam à nossa frente e para as quais talvez o que é mesmo preciso é estoicismo. Ou no vulgo "aguenta e não caguincha". Ou talvez baste apenas retirar: os animais feridos tentam sobreviver às feridas e nem sempre o conseguem. Mas lutam. Os seres humanos, para lutar, precisam de ter consciência que sobreviver é verter lágrimas, é sentir dor, mas tudo isso em privado. O único espaço em que animal/humano se encontra e não há códigos a seguir a não ser o de: "survive at all cost".

MOMENTO ÚNICO
Numa sequência visualmente bela, mais pela expressão do olhar de Mirren do que pelo próprio desenrolar da cena, vemos uma mulher/animal ferido que chora sobre a sua ferida. Nem que essas lágrimas tenham sido despoletadas pelo partir da engrenagem de um jipe. Atravancado entre margens do rio, como aliás parece ser essa a imagem de Queen Mirren ao longo de todo o filme: "atravancada" entre duas margens, com dúvidas, incertezas, mas com uma única verdade: Sobreviver a todo o custo. E nesse olhar momentaneamente terno de Mirren, humedecido por pequenas gotas lacrimais, denota-se o estoicismo de sobrevivência. De imediato enxuga o rosto e agita os ombros para voltar à postura que uma rainha deve ter: a de impávida e serena.

A postura da sobrevivência: "sigh no more. thus long lives the face that never shed a tear. or it did but none was able to see it".

Friday, January 05, 2007


A Velhinha que bebia Sagres Bohemia e comia nozes

Dei por ela sem querer. Como aliás acontecem as coisas mais surpreendentes, sem querer. Eram três da tarde. Não o sei porque olhei para o relógio, que aliás não uso, mas porque fui comprar um bilhete de cinema para a sessão das três e qualquer coisa. Dei por ela porque, na minha pilha de leitura que anda sempre atrelada comigo, me sentei para tomar um chá. E lá estava ela. De ombros curvados para a frente, perna traçada e com o armário da roupa todo em cima do seu corpo. Não estava frio, mas ela parecia sentir-se bem assim. Sobre a mesa: um copo de Sagres Bohemia. Mas o que me chamou a atenção não foi a dita cerveja bem portuguesa, mas sim a malgazinha que tinha à sua frente. Com uma colher de café levava à boca, muito delicamente, nozes. Certamente para apurar o paladar da cerveja, ou não. Talvez fosse esse o seu prazer de meio de tarde, ao invés do chá das cinco.

Terminado o repasto, abriu a mala, maior que ela, e do interior retirou um espelho e um baton. Retocou a maquilhagem como se quisesse estar novamente "aprumada". Não que lhe fizesse falta. Não fazia. Ficava apenas melhor. E acompanhava o prazer, talvez dos poucos que ainda tem, de beber uma Sagres Bohemia e comer nozes.