Thursday, July 26, 2007

a song for a sirened shell heart...

"You have to do it running but you do everything that they ask you to
cause you don’t mind seeing yourself in a picture
as long as you look faraway, as long as you look removed
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters


You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults


Make up something to believe in your heart of hearts
so you have something to wear on your sleeve of sleeves
so you swear you just saw a feathery woman
carry a blindfolded man through the trees
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters


You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults


You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults"









Sunday, July 22, 2007


DEATH PROOF

Quentin Tarantino volta a fazer das suas. Em homenagem aos clássicos filmes de carros (Steve Macqueen roi-te de inveja) mistura perseguições repletas de acrobacias com sensualidade feminina e ainda com problemas de som e imagem propositados. A bobine parece "arranhar" a música a certa altura entra em loop e as "meninas" como surge muito bem no início do filme "The Girls" transpiram garra e coolness. Tarantino é o único realizador, vá lá chamemos as coisas pelos nomes, com "tomates" para fazer das suas leading ladies verdadeiras forças da natureza que não só não perdem a sua feminilidade como ainda são capazes de deixar um homem K.O, literalmente. No grupo de "meninas" encontramos a Sin City "matron" Rosario Dawson, a forense CSI:NY Vanessa Ferlito e ainda a stuntwoman Zoë Bell (nada mais nada menos que a "dupla" de Uma Thurman em Kill Bill), que nos prende à cadeira numa das cenas mais alucinantes do filme. No lado masculino temos um Kurt Russel que não deve nada à idade e que neste caso até lhe confere um certo bad road killer charm... E se a pinta do Kurt Russel acenta que nem uma luva na coolness tarantinesca, os carros não lhe ficam atrás. Mas o melhor de toda esta conjugação de ingredientes é o tempero: a ironia.


Os diálogos das "girls" roubam-nos gargalhadas das quais até o Conan O'Brien teria inveja. Sobretudo a presença da que eu apelidaria de Foxy Lady, num estilo muito menos Beyoncé, claro. Só falta acrescenta "huh huh, girlfriend...". Com um início a fazer lembrar Mad Max, mas com uma rotação que nem a caixa de 5 velocidades consegue acompanhar. O segundo grupo de girls é Cool no seu estado mais puro. E como um filme de Quentin Tarantino não passa sem banda sonora, digamos que esta pisca o olho a Kill Bill e a meu ver, ainda o supera. A escolha não podia ser melhor, sobretudo para os momentos de perseguição a alta velocidade. Ride the blues vrrrrrummmm!!!


Death Proof é daqueles momentos de cinema que não podem nem devem ser perdidos. Umas horitas de pura diversão. Tarantino sabe o que faz e é definitivamente o melhor remédio para os dias em que nos sentimos human road kill...


E para aguçar o apetite aqui fica uma pequena amostra de Coolness ;)








Wednesday, July 18, 2007

pecar...

"de um momento para o outro sentiu dificuldade em respirar. desapertou a camisa num último esforço de fazer ar entrar nos seus pulmões. mas em vão. o ar era ausente. aos poucos a garganta parecia fechar-se. agarrava a cabeça, puchava os cabelos com esforço para de algum modo fazer o oxigénio voltar a fazer parte de si. apenas pensava: "não consigo respirar. não consigo respirar"... não sabia se temia mais a escassez de ar se acidez das lagrimas que lhe escorriam pelo rosto e lhe desfaziam o coração...
nos sete pecados mortais deveria incluir-se: dor e sofrimento... essa incapacidade de respirar...
frases feitas, imagens multiplicadas, frame após frame, a mesma sensação
"não consigo respirar, não consigo respirar..."

as palavras de Milton surgiam-lhe na cabeça, as de Dante ou mesmo até as de um Mercador de Veneza... vozes de um inferno, terreno projectado em palavras...

o seu pecado: sofrer... o acto de contricção: deixar de respirar...

bebeu um copo de água. sentou-se em frente à lareira. enrolou o seu corpo numa manta velha e respirou. um ar apático. fechou os olhos. a lareira continuou acesa..."

Vesper E

Saturday, July 14, 2007

pedaços de noz...


"Pintava. Cada quadro seu reflectia a beleza de uma harmoniosa ligação de pinceladas. Era raro. Os quadros estavam guardados, nunca expusera. Deixara a sua casa ser a galeria de arte. Convidava amigos e os amigos outros amigos e a exposição era um sucesso. Por exposição entenda-se a partilha de cores, de esboços, de visão ou apenas de 5 minutos em frente a um quadro.

Naquele dia pensava que seria igual a tantos outros... Trocaram-lhe as voltas. O cansaço tinha vindo a instalar-se. Ficava em silêncio. Esperava a qualquer segundo que um ruido lhe interrompesse a afonia. Os únicos ruídos que se mantinham eram os seus e ficavam guardados, como o baú que encontrara no sotão da avó. O único momento em que o seu silêncio se alinhava era em frente a uma tela. De cada vez que dava uma pincelada a ausência de som ganhava outra forma. As cores falavam como se cada uma quisesse contar a história da sua vida.
Por entre pincéis e tintas ficou. Já não conhecia a sua roupa sem pingos de tinta ou a suas mãos sem cheiro a terbentina...
Fechou a porta de casa. Precisava de apanhar ar. Foi até ao sotão. Ali guardava todos os seus quadros. Fazia companhia ao báu. Memórias aparentadas. Um espaço em que o tempo ia acumulando rostos, esboços, vozes, silêncios... Aquele sotão era o seu cantinho, o seu espaço de encontro com as recordações partilhadas.

Morava junto ao rio no meio de uma zona florestal. Quisera ficar junto da casa dos avós. Tinha o seu espaço. A outra casa era o recolhimento. Sobretudo o sotão. Por ser mais acolhedor.
Fez o curto caminho junto à margem. Adorava andar ao som do fluir da água. Melodia de uma passada incerta. Há dias que não conseguia pintar um risco sequer. Um turbilhão revoltara o seu interior. Oscilava entre raiva, ódio, tristeza, desilusão. O quadro que tentara acabar, já não podia ser terminado. Teria de ficar assim... Tal como as suas mãos, por terminar.
Estava quase a chegar à casa de família. Meteu a mão ao bolso das calças já gastas e rotas para tirar as chaves. No movimento de cabeça entre o bolso e a fachada da casa, tudo ruiu. Restava apenas o resto do que parecia ter sido um incêndio. A estrutura da casa aguentava-se de pé, mas tudo se evaporara.

Deixou-se cair. Ficou no chão. As memórias que ali guardara desapareceram. De um momento para o outro foram consumidas por um fogo atroz. As pinceladas, as cores, as palavras, as fotografias...tudo...foi roubado por uma chama mais forte.
No rosto espelhava a tristeza que lhe invadira o coração. Restava a sua memória traiçoeira do olhar de amigos, da reacção aos seus quadros, nada mais...
Tudo o que fazia parte de si, consumido...
As mãos que sempre conhecera com terbentina,
a roupa manchada de tinta,
o silêncio tranposto em ruído em cada pincelada...tudo...perdido...

Quem era? tudo parecia distante, como as memórias perdidas no meio das chamas...
como se conhecia, fazia parte daquelas recordações, um fragmento por entre outro e outro, espalhados pelo sotão...
Tabula Rasa...
All that she was and felt like hers,
by the wake of dawn,
all gone...

Fechou os olhos para pelos menos durante 5 minutos tentar guardar o máximo de memórias possível. As outras ficariam perdidas para sempre... como as palavras...
Um começar de novo... tentativa de se encontrar... quem era, perdido também por entre as chamas? talvez...

pequenos pedaços, fragmentos, aos poucos um Eu.

tabula rasa..."

Vesper E


this text is dedicated to a very dear friend, Pinguim. May it be part of a memory...

Wednesday, July 04, 2007


sem rosto...


"naquele dia descobrira que já nada restava... a armadura que fizera parte do seu rosto e das suas vestes diárias tinha simplesmente sumido. o relogio tocou. não sentia em si grande vontade de abandonar o conforto dos lençóis, talvez o único local onde se sentia realmente segura. mas fez um esforço. correu para a janela, como fazia habitualmente. antes de qualquer outra coisa tinha de correr as cortinas. talvez um gesto de compensação. deixar entrar a luz do dia. uma luminosidade que lhe faltava. foi para a cozinha. arrastava o corpo como prolongamento do seu robe já velho e gasto. descalça, sempre descalça, bateu com o pé na quina do móvel... o dia começara igual a tantos outros. uma dor agoniante mas suportável. ao contrário da que lhe invadira a alma.


pegou num livro. retomara o prazer da leitura. procurava nas palavras uma outra existência, talvez com mais sentido. momentos de distracção em que as palavras lhe enchiam o peito. de resto ausente. na voz de um narrador e de outros tantos personagens tentava ignorar que perdera a sua.


um passo. um dia de cada vez. não sabia viver de outro modo. perdera a força. o cansaço entranhara-se nas veias e o corpo movia-se como tal. de rosto caido e cabelo a esconder qualquer expressão. não se reconhecia em frente ao espelho. tudo o que restava de si era apenas o luto.

ouvia as risadas que dera naquela casa. o seu risinho fácil de criança.

a perda instalava-se no seu coração.


sentou-se no escritório. pegou na caneta e tentou rabiscar...


ao sabor intermitente de cada novo dia, talvez conseguisse deixar de sentir o vazio. uma armadura que se foi, e com ela tudo o que supostamente protegia. como um báu de recordações perdido no meio de um incêndio....


mesmo vestindo-se com cores garridas, o preto era a sua cor interior. sem voz, perdida, desalojada... a casa era habitada pelo eco dos passos silênciosos e pelo soturno bater das folhas caidas... não lhe restava nada... era como se tivesse sido invadida pela força do alto mar e tudo tivesse sido arrastado...


já não reconhecia o seu rosto...

de tanto dar, ficou apenas o vazio...


não sabia quem era... memória vaga de um alguém... foto perdida no fundo do baú...consumido pelas chamas...


sentou-se no sofá e adormeceu..."


Vesper E

Monday, July 02, 2007


"se ao menos o teu rosto
se escoasse no meu....
mas nem isso...

os teus labios... perdio-os como o abrir matinal da minha janela...
recordo o seu sabor...
o delicado toque nos meus...

ignoro as fotografias que tiraste do meu rosto, pois apenas captaste uma parte....
o restante... aquela face que não vês representa apenas o que sinto no teu olhar...

o quanto te amo e o quanto sou desajeitada... ao demonstrá-lo ou dizê-lo...

aos poucos as palavras das cartas são consumidas pelo pó e tudo fica assim....

em mim...só...

goodbye my love...."

Vesper E