Descobri que para o escritor nipónico Murakami "as palavras são na maior parte das vezes inúteis" mas como o próprio refere "são tudo o que tenho enquanto escritor". Não quero afirmar-me como escritora, porque ainda não o sou. Como dizia, e muito bem, uma professora minha de português: "a escrita é um processo de reescrita". Verdade. Escrevo e reescrevo com palavras, a única coisa que sei fazer, na realidade. Pego em letras, junto-lhes o pormenor da sintaxe, dando origem a palavras. Conjugo-as com a liberdade do pensamento criativo e nascem frases. Não sei fazer outra coisa.
Escrevo com o coração. Parece lamechas? Pronto, reformulo. Escrevo com a linha que define a minha forma de ser: a sentimentalidade premente em cada linha ou em cada parágrafo. Aprendi a exprimir-me por escrito, a criar um mundo a que só eu tenho acesso quando me encontro a sós com uma página de Word ou com uma qualquer folha de papel. Com teclado ou com caneta deixo as ideias fluir e escrevo.
Não sou escritora. Talvez um dia possa dizer que sim. Ou talvez não. Talvez seja apenas uma aprendiz de escrita e provavelmente sempre o serei. É um processo. Um crescimento por palavras num papel ou mesmo num guardanapo de café. Não interessa o local. A hora do dia é mais nocturna. Mas não faz disso uma regra. Escrevo quando a vontade aperta. Um encontro solitário. Uma palavra. Uma frase. Eu. Apenas escrevo.
Porquê? Não sei fazer outra coisa. Um pintor provavelmente responde que não é capaz de passar sem umas pinceladas numa qualquer tela. Eu não sou pintora. Talvez pinte com palavras, quem sabe. Mas também não sou escritora. Apenas escrevo.
Um rabisco, uma qualquer sequência de sentimentos numa folha em branco. Não sei fazer mais nada. Apenas...Escrevo.